Dentre
todas as estações o outono é aquela que nos desperta o sentimento mais
melancólico e nostálgico. É um período de transição, a intersecção entre a
vivacidade do verão e o mórbido inverno.
Dias
cinzentos passam a compor a paisagem, seja urbana ou rural, ventos tornam-se
gélidos, derrubam flores e folhas. Está ai a característica mais marcante do
outono, as folhas abandonando seu lugar de origem para integrar-se ao solo. A
queda do império das flores e do sol sucumbindo aos primeiros sinais da
imponente chegada do inverno.
Os
passos adquirem sonoridade, formam-se sinfonias secas ao crepitar das folhas
pisadas, entrando em consonância com os ventos viajando por entre as casas,
entre as árvores, cruzando o riacho até chegar aos ouvidos de um triste amor
prestante, que se desfez, sentado em um banco vagando entre as reminiscências
de outrora.
O
outono é taciturno, é companheiro, é aconchegante. É um convite para umas taças
de vinho em um bar, para longas caminhadas noturnas e solitárias, ou jogando
conversa fora com alguns afetos. O outono é idealizado, mera criação e ânsia de
pessoas que buscam abrigo em abraços e lembranças. Envolve-nos em uma atmosfera
paralela, introspectiva, com a possibilidade de abrirmos gavetas em nossa
memória, agridoce nostalgia.
Por
fim tudo acaba envolto e dominado com a vitória triunfal do inverno,
congelam-se os sentimentos, as ruelas, a paisagem, até que sopre os elísios
primaveris e restabeleça a ordem e a vida.
Immanuel D'Ornellas
setembro de 2013
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