15 setembro 2013

Ode ao Outono!


Dentre todas as estações o outono é aquela que nos desperta o sentimento mais melancólico e nostálgico. É um período de transição, a intersecção entre a vivacidade do verão e o mórbido inverno.
Dias cinzentos passam a compor a paisagem, seja urbana ou rural, ventos tornam-se gélidos, derrubam flores e folhas. Está ai a característica mais marcante do outono, as folhas abandonando seu lugar de origem para integrar-se ao solo. A queda do império das flores e do sol sucumbindo aos primeiros sinais da imponente chegada do inverno.
Os passos adquirem sonoridade, formam-se sinfonias secas ao crepitar das folhas pisadas, entrando em consonância com os ventos viajando por entre as casas, entre as árvores, cruzando o riacho até chegar aos ouvidos de um triste amor prestante, que se desfez, sentado em um banco vagando entre as reminiscências de outrora.
O outono é taciturno, é companheiro, é aconchegante. É um convite para umas taças de vinho em um bar, para longas caminhadas noturnas e solitárias, ou jogando conversa fora com alguns afetos. O outono é idealizado, mera criação e ânsia de pessoas que buscam abrigo em abraços e lembranças. Envolve-nos em uma atmosfera paralela, introspectiva, com a possibilidade de abrirmos gavetas em nossa memória, agridoce nostalgia.
Por fim tudo acaba envolto e dominado com a vitória triunfal do inverno, congelam-se os sentimentos, as ruelas, a paisagem, até que sopre os elísios primaveris e restabeleça a ordem e a vida.

Immanuel D'Ornellas
setembro de 2013

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