15 setembro 2013

Ode ao Outono!


Dentre todas as estações o outono é aquela que nos desperta o sentimento mais melancólico e nostálgico. É um período de transição, a intersecção entre a vivacidade do verão e o mórbido inverno.
Dias cinzentos passam a compor a paisagem, seja urbana ou rural, ventos tornam-se gélidos, derrubam flores e folhas. Está ai a característica mais marcante do outono, as folhas abandonando seu lugar de origem para integrar-se ao solo. A queda do império das flores e do sol sucumbindo aos primeiros sinais da imponente chegada do inverno.
Os passos adquirem sonoridade, formam-se sinfonias secas ao crepitar das folhas pisadas, entrando em consonância com os ventos viajando por entre as casas, entre as árvores, cruzando o riacho até chegar aos ouvidos de um triste amor prestante, que se desfez, sentado em um banco vagando entre as reminiscências de outrora.
O outono é taciturno, é companheiro, é aconchegante. É um convite para umas taças de vinho em um bar, para longas caminhadas noturnas e solitárias, ou jogando conversa fora com alguns afetos. O outono é idealizado, mera criação e ânsia de pessoas que buscam abrigo em abraços e lembranças. Envolve-nos em uma atmosfera paralela, introspectiva, com a possibilidade de abrirmos gavetas em nossa memória, agridoce nostalgia.
Por fim tudo acaba envolto e dominado com a vitória triunfal do inverno, congelam-se os sentimentos, as ruelas, a paisagem, até que sopre os elísios primaveris e restabeleça a ordem e a vida.

Immanuel D'Ornellas
setembro de 2013

13 setembro 2013

O olhar taciturno de um gato


Hoje, ao entrar em um estabelecimento, deparei-me com diversos gatos, não sou um adorador de gatos, porém aqueles me cativaram pela docilidade. Havia um em cima do armário, outro no balcão, logo surge mais um correndo para fora da loja. Confidenciou-me a dona de que possui 14 gatos. Atrás do balcão de atendimento havia uma escada por onde emergiu um gato que seria o gato, aquele que despertaria um sentimento de ternura e compaixão. Não sei definir a sua pelagem, tende a um amarelo queimado, mas o que mais me chamou a atenção foi o seu olhar.
Seu olhar era triste como se carregasse todas as dores, desilusões e saudades. Questionei a Senhora sobre o gato triste ao que me disse: “-Ele já está velinho, coitado, tem 16 anos. Em maio partira a matriarca da família felina, com vinte dois anos, embora não fosse a mãe deles, cuido-os como se fosse, até mesmo os amamentando. Ele conviveu por 16 anos com ela. Desde então ele tem andado cabisbaixo, triste, à noite posso ouvi-lo pela casa, nos cômodos, procurando por ela, emitindo miados melancólicos.” Pude então compreender parte de sua tristeza.
Retirou-se do seu convívio aquilo que lhe era o estimo da convivência. Abruptamente se impõe um vazio, passa a procurar em lugares antes habitados por ela, busca a sua presença. À noite, escura e aveludada, mãe das almas solitárias, serve como refúgio para suas buscas incessantes, sofás, cadeiras, em baixo da cama, onde estará? Tudo em vão. Em uma última tentativa grita, exclama, mas o que se ouve são apenas miados tristonhos que se perdem na imensidão da noite.

Immanuel D'Ornellas
Setembro de 2013.

11 setembro 2013

O LEGADO ARTÍSTICO DE MICHELANGELO


Miguel Angelo di Ludovico Buonarroti, nasceu no dia 6 de março de 1475, na cidade de Caprese. Em 1488, aos 13 anos é enviado ao ateliê de Domênico Ghirlandaio mestre da pintura florentina, para desenvolver  a arte da  pintura. Ao mesmo tempo em que aperfeiçoava-se na pintura, começou a frequentar a escola de escultura de Lorenzo de Médici, um dos homens mais cultos de Florença, ganhando destaque com suas habilidades para com a escultura. 
Com 17 anos de idade realizou seus primeiros relevos: A luta de centauros e lapitas e a Virgem da escada. Em 1496, Michelangelo muda-se para Roma onde esculpiu obras como: Baco ébrioCúpido Adormecido, e a sua primeira obra prima, a Pietà do Vaticano. Logo depois retorna para Florença e recebe a encomenda  da escultura de Davi para que fosse considerado o símbolo das virtudes da cidade. Data deste período também, sua primeira pintura conservada, Tondo Doni.
 Em 1505 recebe a encomenda do Papa Júlio II para que projetasse o seu túmulo, obra que nunca terminou, devido a desavenças e outros chamados, esculpindo apenas a estátua de Moisés. Entre 1508 a 1512 dedicou-se por completo a realização dos afrescos da Capela Sistina. Em 1534 muda-se definitivamente para Roma, onde é nomeado “arquiteto; escultor e pintor oficial do Vaticano”, realizando assim a obra o Juízo Final, colocando um ponto final na história Biblíca pintada no teto da Capela Sistina. 
Nos últimos anos de sua vida, Michelangelo dedica-se a esculpir três Pietàs que ficaram inacabadas: Pietà de Santa Maria Del FiorePietà Palestrina e Pietà Rondanini. Em 18 de fevereiro de 1564 aos 89 anos de idade, já muito debilitado e doente, Michelangelo falece em Roma, e em respeito ao seu testamento é sepultado  na Igreja da “Santa Croce” em Florença.
Michelangelo é um dos mais polêmicos e maiores artistas da história, encarnou com plenitude, a idéia do gênio. Foi um artista moderno, homem solitário com a vida repleta de contradições, angústias e conquistas, expressando seu individualismo e sua independência de forma intensa. Sua genialidade o elevou ao pedestal de ainda em vida ser chamado de “o Divino”. Suas realizações continuam a impressionar e influenciar turistas do mundo inteiro, levando-os a buscar conhecimento sobre as obras deste grande Mestre do Renascimento.

Marlon D. Ribas

Lágrimas em Hiroshima e Nagasaki.

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Há sessenta e oito anos, ao entardecer da Segunda Guerra Mundial, acontecia um dos episódios mais trágicos, que marcariam a história de duas cidades e de uma nação, a explosão das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki
Em 1945, mais precisamente no dia 6 de agosto, explodia a primeira bomba atômica, nomeada de “Little Boy”, sobre a cidade de Hiroshima no Japão. Três dias depois, dia 9 de agosto, os Estados Unidos, lançavam a segunda bomba, “Fat Man”, na cidade de Nagasaki. Com um imenso poder de destruição as bombas atômicas dizimaram as cidades.
Ao longe se podia ver o “cogumelo da morte”, a radiação propagava-se através de ondas eletromagnéticas, desintegrando tudo o que encontrava pelo caminho: pessoas, edifícios, automóveis. Quase nada permaneceu incólume, milhares de pessoas pereceram instantaneamente, e outras ao decorrer do tempo em decorrência da radiação. Encerrou-se a guerra, mas não os seus efeitos.
Vidas silenciaram-se, o dia ganhou contornos enfumaçados, cinzas, a história foi escrita a pó. Entre escombros e ruínas, entre as lágrimas e as feridas deixadas nos sobreviventes. Gerações afetadas por dois dias e pela ação do Estado. A crueldade da guerra contornando a ambição por demonstrações de poder e afirmação no cenário internacional.

Immanuel

16 agosto 2011

Cinzas e Suspiros


Já dizia Mário Quintana " O cigarro é uma maneira sutil de suspirar"
Então nos deixe suspirar
Deixe-nos enegrecer os pulmões e talvez o coração
Pois este fato de não saber expressar, apenas guardar e esconder
Acaba nos consumindo por dentro
Nessas horas o cigarro torna-se o fiel companheiro
Acalma em uma simples tragada e os seus restos acabam se dissipando pelo ar
Na ansiedade fumamos um cigarro atrás do outro
Quando percebemos a carteira já se foi
Ficamos sozinhos novamente.

Marlon D. Ribas

21 junho 2011

Lúcida embriaguez





Abdico de minhas obrigações


Quero sorver a solidão desta estrada


Por vezes sem eira, nem beira


Não sou poeta e nem escritor


Sou um projeto do vazio


Uma história sem fim


Quero debruçar-me sobre a mesa de um bar


Suicidar-me dentro de um copo de uísque


E voltar a vida depois da embriaguez


E de resto, só a ressaca.


Immanuel

08 maio 2011

Silenciosos Vazios!


Hoje, acordei meio assim, suicida.

O mundo está em preto e branco

Da sacada não se vê flores

Apenas os edifícios e o céu cinzento

O café amargo intensifica o desejo

A fumaça do cigarro desfaz-se no ar

Do mesmo modo como queria desfazer-me

Por perto, não existe o som do mar

Ou os badalos de um sino

Apenas o silêncio me atormentando com a sua presença

O vento não sopra, está tudo tão inerte.

Inerte como um corpo sem alma, sem essência.

Queria estar caminhando em uma praia

O dia poderia continuar cinzento,

O som das ondas quebraria o silêncio

E as ondas apagariam as pegadas que deixei na areia.


[Immanuel]

Ode ao Outono!

Dentre todas as estações o outono é aquela que nos desperta o sentimento mais melancólico e nostálgico. É um período de transição, a in...